Márcio Ramos
O frio da
noite me desperta, roubando-me o sono.
Como Narciso
diante de seu reflexo no rio, sou forçado a ver minha imagem, mas ela não me
parece perfeita.
Tenho que
enfrentar meus demônios.
Lá fora ouço
música, dança, muita agitação.
Haverá alegria
em meio a tal alvoroço?
Questões
fustigam meu ser...
A vida parece
me sorrir com meio sorriso.
Há sempre a
existência da falta.
Há sempre o
sentimento da saudade.
A ausência de
sentido parece ser a regra da existência.
Afinal, é
possível encontrar sentido em nossa vida tão curta?
Cada sentido
construído é passageiro, limitado,
incompleto...
Fugir dos
demônios existenciais, talvez em meio à agitação social, não parece uma boa
opção?
O frio
novamente me toca e diz não!
O que me faz
ter uma existência humana significativa é a coragem de me olhar no espelho.
Mesmo que esse
autoconhecimento provoque desassossego e me
leve a perder o sono madrugada afora.
21 de julho de
2012