sábado, 4 de novembro de 2023
Murar o medo
sexta-feira, 6 de outubro de 2023
Logo vou te encontrar
quinta-feira, 20 de julho de 2023
Para ser grande, sê inteiro
Estás só. Ninguém o sabe
segunda-feira, 17 de abril de 2023
Auto retrato
sexta-feira, 3 de março de 2023
Quero ser uma obra de arte
O amor passou
domingo, 26 de fevereiro de 2023
Não: devagar
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023
MARIA: Amo como o amor ama.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023
Não tenho pressa
Não tenho pressa: não a têm o sol e a lua.
Ninguém anda mais depressa do que as pernas que tem.
Se onde quero estar é longe, não estou lá num momento.
Sim: existo dentro do meu corpo.
Não trago o sol nem a lua na algibeira.
Não quero conquistar mundos porque dormi mal,
Nem almoçar o mundo por causa do estômago.
Indiferente?
Não: filho da terra, que se der um salto, está em falso,
Um momento no ar que não é para nós,
E só contente quando os pés lhe batem outra vez na terra,
Traz! na realidade que não falta!
Não tenho pressa. Pressa de quê?
Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
Ter pressa é crer que a gente passe adiante das pernas,
Ou que, dando um pulo, salte por cima da sombra.
Não; não tenho pressa.
Se estendo o braço, chego exactamente aonde o meu braço chega -
Nem um centímetro mais longe.
Toco só aonde toco, não aonde penso.
Só me posso sentar aonde estou.
E isto faz rir como todas as verdades absolutamente verdadeiras,
Mas o que faz rir a valer é que nós pensamos sempre noutra coisa,
E somos vadios do nosso corpo.
E estamos sempre fora dele porque estamos aqui.
Alberto Caeiro