“O homem, na medida do que a ciência natural, por si mesma, é capaz de nos ensinar, não é mais a causa final do universo, o herdeiro descido dos céus de todas as eras.
Sua própria existência é um acidente, sua história um acidente breve e transitório na vida do mais insignificante dos planetas.
A ciência, na verdade, até agora nada sabe sobre a combinação de causas que, pela primeira vez, converteu um composto orgânico morto nos progenitores vivos da humanidade. Basta saber que, de tais começos, a escassez, a doença e o massacre mútuo, enfermeiros adequados para os futuros senhores da criação, fizeram evoluir, depois de infinitos trabalhos de parto, uma raça com eficiente consciência para sentir que é vil e suficiente inteligência para saber que é insignificante.
Pesquisamos o passado e vemos que a sua alma é uma história de sangue de lágrimas, de disparates irremediáveis, de revoltas selvagens, de estúpida aquiescência, de aspirações vazias. Procuramos conhecer o futuro e aprendemos que, após um período longo se comparado à vida de um indivíduo, mas curto se comparado aos intervalos de tempo abertos à nossa investigação, as energias de nosso sistema declinarão, a glória do sol se ofuscará, e a terra, sem marés e inerte, não tolerará mais a raça que, por um momento perturbou sua solidão.
O homem descerá ao túmulo, e todos os seus pensamentos perecerão. A consciência inquieta que, com esse obscuro canto, rompeu por um breve lapso de tempo o silêncio contente do universo terá seu descanso. A matéria não mais se conhecerá. ‘Monumentos imperecíveis’ e ‘feitos imortais’, a própria morte, e o amor mais forte que a morte – será como se nunca houvessem existido”.
[Arthur Balfour em meados da primeira década de 1900]
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