Sou essa água salgada, que sara feridas de corpos com peles subalternizadas. Sou esse mar poliglota, que grita segredos dos colonizadores, que escuta o clamor dos sequestrados, e que acolhe os negros desamparados; que reclamam da sede de ancestralidade. Meu corpo é transatlântico, intersecciono bairros, cidade, países e continentes. Minha etnia é diaspórica, sou uma banto-capixaba-brasileira. Sou negra, sou bixa, sou latina. Sou uma bixa-banto-brasileira. Meu corpo é aquático e fronteiriço, hábito a fronteira entre África e Brasil: o mar.
O mar sentiu o peso dos navios negreiros repletos de africanos sequestrados, roubados, raptados. E é neste mesmo mar atlântico onde, na terceira diáspora, criam-se negritudes emancipadas de traumas e desejos coloniais. O mar é a máxima expansão da água que nos compõe.
Todo negro precisa saber nadar, para compreender a diferença entre náufrago e mergulho.
Castiel Vitorino Brasileiro é artista visual, estudante de Psicologia na Universidade Federal do Espírito Santo, e
integrante do Coletivo Kuirlombo.
integrante do Coletivo Kuirlombo.
Fonte: Geledes
Nenhum comentário:
Postar um comentário