sábado, 3 de março de 2018

Ode ao mar


As viagens, os viajantes — tantas espécies deles!

Tanta nacionalidade sobre o mundo! tanta profissão! tanta gente!

Tanto destino diverso que se pode dar à vida,

Ë vida, afinal, no fundo sempre, sempre a mesma!

Tantas caras curiosas! Todas as caras são curiosas

E nada traz tanta religiosidade como olhar muito para gente.

A fraternidade afinal não é uma ideia revolucionária.

É uma coisa que a gente aprende pela vida fora, onde tem que tolerar tudo,

E passa a achar graça ao que tem que tolerar,

E acaba quase a chorar de ternura sobre o que tolerou!

(...)

A vida flutuante, diversa, acaba por nos educar no humano.

Pobre gente! pobre gente toda a gente!


Álvaro de Campos

Nenhum comentário:

Postar um comentário