terça-feira, 5 de junho de 2018

Ah, o que é aquele Barulho

Ah, o que é aquele barulho

Ah, o que é aquele barulho que vibra no ouvidos

Lá em baixo no vale, a rufar, a rufar?

São apenas os soldados escarlates, amor,

Os soldados que chegam.

Ah, o que é aquela luz que vejo tão cintilante e intensa

Lá ao longe, brilhante, brilhante?

Apenas o sol incidindo nas armas, amor,

Enquanto avançam ligeiros.

Ah, que estão eles a fazer com todo aquele equipamento,

Que estão eles a fazer esta manhã, esta manhã?

Somente as manobras habituais, amor,

Ou talvez seja um aviso.

Ah, por que terão abandonado a estrada ali em baixo,

Por que andam de repente às voltas, às voltas?

Talvez tenham recebido ordens diferentes, amor.

Por que estás de joelhos?

Ah, não pararam para o médico cuidar deles,

Não detiveram os cavalos, os cavalos?

Claro, ninguém está ferido, amor,

Nenhum destes soldados.

Ah, é o padre de cabelo branco que eles querem,

O padre, não é, não é?

Não, estão a passar ao seu portão, amor,

Sem o irem visitar.

Ah, será o lavrador que vive tão perto.

Será o lavrador tão astuto, tão astuto?

Já passaram a entrada da quinta, amor,

E agora vão a correr.

Ah, onde vais? Fica aqui comigo!

Os teus juramentos foram uma ilusão, uma ilusão?

Não, eu prometi amar-te, amor,

Mas agora tenho de partir.

Ah, está quebrada a fechadura e estilhaçada a porta,

Ah, é ao portão que eles chegam, chegam;

As suas botas ressoam pesadas no soalho

E os seus olhos são ardentes.

W. H. Auden

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