segunda-feira, 25 de junho de 2018

Soneto 1

Dentre os mais belos seres que desejamos enaltecer, 
Jamais venha a rosa da beleza a fenecer, 
Porém mais madura com o tempo desfaleça, 
Seu suave herdeiro ostentará a sua lembrança;


Mas tu, contrito aos teus olhos claros, 
Alimenta a chama de tua luz com teu próprio alento, 
Atraindo a fome onde grassa a abundância; 
Tu, teu próprio inimigo, és cruel demais para contigo.


Tu, que hoje és o esplendor do mundo, 
Que em galhardia anuncia a primavera, 
Em teu botão enterraste a tua alegria,


E, caro bugre, assim te desperdiças rindo. 
Tem dó do mundo, ou sê seu glutão – 
Devora o que cabe a ele, junto a ti e à tua tumba.

William Shakespeare

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