quinta-feira, 28 de junho de 2018

Soneto 29

Quando em desgraça, sem sorte e afastado
Dos homens, sozinho, em meu exílio,
Perturbo os Céus surdos, a gritar sem sossego,
E olho para mim, e amaldiçoo meu destino,

Sonhando ser mais afortunado,
Como homem de muitos amigos,
Cobiçando seus talentos e visão,
E aquilo que mais aprecio sinto menos satisfeito;

Mesmo, nesses pensamentos, quase me desprezando,
Feliz, penso em ti – depois em meus bens
(Como a cotovia elevando-se ao romper do dia

Das entranhas da terra), em hinos a louvar o céu;
Pois, lembrar de teu doce amor traz tanta riqueza,
Que desdenho trocar meu dote com reis.

William Shakespeare

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