segunda-feira, 25 de junho de 2018

Soneto 2

Passados quarenta invernos sobre tua fronte,
Após cavarem fundos sulcos nos vergéis de tua beleza,
O vigor de tua orgulhosa juventude, hoje tão admirada,
Será um esmaecido ramo sem nenhum valor.

Então, ao te perguntarem onde está teu encanto,
Onde está a riqueza de teus luxuriosos dias,
Respondes, com olhos fundos,
Que não passaram de vergonha e descabidos elogios.

Que louvores mereciam o uso de teus dotes,
Se pudesses responder: “Este belo filho meu
Me vingará, e justificará todos os meus atos”,

E provará ter herdado de ti toda a formosura.
Isto farás de novo quando fores mais velho,
E o sangue te aquecer quando te sentires frio.

William Shakespeare. Soneto 2

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